sábado, 18 de dezembro de 2010

Texto que mostra o quanto se Amar, faz a diferença.

Antigamente achava que só seria feliz quando tivesse corpo de miss, meodeols, quanta fome eu passei e nunca fui miss, depois achei que melhor mesmo era tentar mudar meu corpo, claro que também não consegui como queria, diminuir peitos e cinturas, aumentar bundas? Nada disso é tão fácil assim.
Hoje me contento somente em ser uma versão melhor de mim, um corpo melhor, mas melhor meu, não o melhor da tv.
Antigamente fazia dietas malucas de Natal, para ficar bonita na foto sabe? Passava fome um mês, colocava uma roupa de festa que nada parecia comigo e sorria mecanicamente para as fotos, não é por nada que as piores fotos minhas são dessa época.

Hoje? Compro um vestido que caiba, bonito e confortável, de preferência solto, tipo maxxi dress, combina muito mais comigo, e uso até cores quem diria! Parei de me esconder atrás das roupas, largas batas pretas, minhas pernas tem vasinhos, mas tem pernas ali tb, pernas que andam de salto, que se equilibram nos ônibus, que andam para lá e para cá, pernas minhas, e tem celulite também, uma pequena porçãozinha delas que se amontoam tais como amigas fofoqueiras, elas estão ali apesar das massagens e das dietas, e coloco-as para ver um pouco do sol de vez em quando em vestidinhos soltos de verão.

Antigamente eu me achava feia, vivia de cabelos presos, muito pretos, não sorria, complexo da boca grande saca? Hoje quando vejo... ah era feia mesmo, verdade seja dita, acho que melhorei depois que comecei a sorrir, ir a praia pegar uma cor, fazer amigos menos depressivos que eu.

Antigamente eu roía as unhas, não ligava para as sobrancelhas, e como isso sim era importante, muito mais que roupas apertadas.
Aliás essa abandonei a tempos, tenho até alguns modelos justos, ou “a conta” mas calças 44 com corpo 46? Nunca mais. Meu tamanho é o meu tamanho, não é exatamente o tamanho das roupas que visto, ficar toda marcada pra dizer que veste 42? Mentindo para si mesma? Me poupe.

Sou vaidosa sim, nunca quis ser gordinha, mas desde que comecei a me vestir como eu, esqueci que era gordinha e fiquei tão bonitinha, camisas de botão, cintos grandes e bonitos, vestidos soltos e calças acinturadas. 
Antigamente eu me escondia, e achava bonito vestir preto, porque preto emagrece.
Antigamente achava bonito fumar, beber até cair, falar mal das pessoas.
Antigamente me maquiava feito um pavão, achava que sombras metálicas e escuras eram pra usar de dia e base ah base é pra passar na cara... com 23 anos???? Me poupem né? Cogitei até um anti idade, vejam só, ficar velha não é legal.
Eu sei, não tenho corpo de miss, mas nunca tive, como posso sentir falta de algo que nunca tive?
E amar é legal, amar muito. E peidar e sair correndo de perto do namorado é divertido. Amor certinho não existe. Desiluda-se.

Emagreci não sei quantos quilos modificando hábitos ruins, como comer rápido e o famoso “comer para não chorar” o resto foi só ajuste.
Eu tenho 25 anos, meus peitos são tortos, tenho um monte de cicatrizes pelo corpo e de vez em quando minha virilha fica cabeluda, um mal tão irremediável nos dias de hoje.
E sentem-se para não cair, eu tenho chulé.
É, chulé mesmo, não é aquele cheirinho de suor que fica no pé, é chulé de ter que trocar de sapato sempre, de usar sapato de couro sem meia, aquele chulém do mal que tem que tacar talco pra ninguém confundir o sapato com um rato morto, mas quem diria que uma menina de olho verde seria uma chulezenta?
E eu queria ser tanta coisa de tão bonita, e fui ficando tão feia querendo ser bonita, alisei os cabelos adolescente, usei saias indecentes para parecer sensual, usava perfumes fortes para parecer sofisticada.

Não era nada disso, nem sei se hoje era o que gostaria de ser.
Larguei as plataformas para comprar melhores sapatos de couro, larguei inclusive os sapatos de plástico! Bolsa com motivos infantis nunca fizeram meu gênero, menos uma coisa para abandonar, comprei bons cintos e boas calças, comprei cor!!! E boas bolsas, porque um sapato e uma boa bolsa muda tudo, comprei colônias que combinavam mais comigo do que aqueles cheiro de vós de perfumes importados fora de moda.
Brincos? Ah boas argolas de prata, penduricalhos baratos sem cara de pobre, batons coloridos, máscara para cílios, sapatilhas, ah as sapatilhas, uma mulher que sabe ficar elegante de sapatilha o saberá em um scarpin.

Uma mulher que se aceita, não como gorda ou magra, alta ou baixa, mas sabendo como ela é exatamente, da pinta em cima da boca, ao joanete, se valorizará, será bonita e elegante, independente de trajes ou tamanhos.
Quando você aprender a se olhar com seus olhos ah... tudo mudará. Pare de se olhar com os olhos dos outros, são todos meio cegos e míopes. 
Desde que eu comecei a ser eu mesma, admiti que sou cafona e adoro ser cafona, cafona mesmo, sem senso estético, foda-se.

Ninguém compra minha roupa mesmo, melhor ser a excêntrica que a coitadinha. Nesse Natal não tem dieta de emergência, nem roupas que preciso emagrecer para caber, esse ano tem um vestido florido um cabelo curtinho, um sorriso, um prato de comida do tamanho certo, e não tem bebida, não tem choro e não tem nenhuma outra pessoa que gostaria de ser, a não ser.... eu mesma.



 Texto da Cristal retirado daqui.

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